De longe, umas das características que mais me chama a atenção entre os empresários, que atendemos e conhecemos ao longo desses anos, é o medo - o medo de desagradar, o medo de perder um cliente que seja e, principalmente, o medo do "cancelamento".
É claro que nem todos se sentem dessa forma, mas é nítido que a maioria dos empresários por aí caminham, a cada dia que passa, mais e mais atentos e com medo de quebrar os ovos errados.
Bandeiras e a Sinalização de Virtudes
A moda de levantar bandeiras apenas porque elas estão em alta, pegou: "Ou você concorda e compactua com a nossa agenda ou sofrerá as consequências". Parece que a imaturidade e a insanidade tem atingido níveis cada vez maiores - ou você se torna um membro da patota dos bons, ou eles o aniquilarão.
A ética por trás disso é a boa e velha inversão: já que as empresas não concordam com as minhas bandeiras e, portanto, são violentas, exploradoras e hipócritas, é preciso combatê-las por meio da violência ostensiva, hipócrita, exibida e orgulhosa de si - eis os canceladores digitais.
Mas não se preocupe, esses tipos não são originais e nem serão os últimos a passarem por aqui. Essa fórmula cultural é antiga e duvido muito que um dia deixará de existir, mas há sempre algo que possamos fazer a respeito.
Não tenhais medo
A verdade é que o cancelador não passa de alguém que busca pertencer a um grupo, que está desesperado para ganhar a aprovação de seus membros e que acha fazer parte da parcela mais esclarecida da população.
É até comum vermos grandes marcas se aproveitarem deste perfil. Mas cá entre nós - meros mortais, micro, pequenos e médios empreendedores - quem gostaria de clientes assim?
Pelo medo de perder alguns trocados, muitas marcas por aí têm se tornado caricaturas grotescas, incoerentes e instáveis daquilo que um público indeciso constantemente exige delas.
Pelo mesmo medo, muitas marcas tem se submetido a adaptar-se e contorcer-se para dar conta de atender àqueles que menos valorizam seus esforços e crenças.
Se posicionar é o melhor que podemos fazer
Acredite: a maior arma de um empresário é a verdade que ele carrega consigo. Se conhecer e trabalhar seguindo aquilo que acredita é de fato algo muito poderoso.
Se posicionar não significa ter que ficar levantando bandeiras X ou Y, mas agir de forma coerente com aquilo que verdadeiramente acreditamos. Um bom posicionamento, é aquele que olha para dentro antes de olhar para fora.
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